Mônica Conciani - Psicotraumatologia
Processamento de Traumas

Como funciona o processamento dos traumas?

Muitas pessoas me perguntam como funciona o processamento de traumas e resolvi escrever este artigo para explicar. Aliás, esse deveria ser o primeiro artigo que alguém vem ao meu blog.

Primeiro você precisa entender como os traumas são gerados

Na origem dos tempos o nosso corpo foi construído para sobreviver, para isso cada vez que passamos por uma situação de perigo, ele gera uma dose extra de energia (sistema nervoso simpático) para podermos lutar ou fugir.   

Assim que o perigo passa, ou por que usamos a energia (para lutar ou fugir) ou por que o nosso corpo entendeu que já estamos em segurança essa energia é descarregada (descarga do sistema nervoso parassimpático). 

Esse é o mecanismo natural e saudável. 

O trauma ocorre quando essa carga de energia ou aconteceu muito cedo na vida, ou foi muito rápida, ou foi muito intensa.

Nesses casos a carga foi maior do que o corpo pode processar e não houve descarga ou ela foi insuficiente e essa energia fica aprisionada no corpo. 

Com o passar do tempo essa energia acumulada pode gerar sintomas como síndrome do pânico, ansiedade, stress, irritação constante, dificuldades para dizer não ou impor limites, tristeza profunda, falta de foco, falta de energia, não conseguir reagir as situações, dores físicas sem explicação médica entre outras coisas.

Como é feito o processamento do trauma

O processamento do trauma ou a renegociação do trauma(termo técnico da psicotraumatologia) é feito de forma a ajudar o corpo a descarregar essa energia sobressalente da maneira adequada. 

Nas sessões, o psicotraumatologista ajuda o paciente a entrar em contato com as emoções acionando no corpo essa energia e usando técnicas específicas que ajudam o corpo a descarregar essas energias através do sistema nervoso parassimpático.  

Esse contato das emoções com o corpo é feito através da atenção em determinados lugares, alternando entre lugares que estão confortáveis, lugares onde as sensações estão desagradáveis e fazendo então movimentos específicos para cada situação particular.

As descargas podem gerar movimentos involuntários como bocejar, lacrimejar, tremores, solturas ou aumento de tonacidade musculares, arrotos e até movimentos intestinais. 

Cada pequena descarga pode representar uma grande diferença no processamento do trauma e deve ser valorizado pelo paciente, tomando um tempo maior de atenção para esses eventos, para que o próprio corpo possa entender e reproduzir essas descargas em outros momentos.

A medida que o trabalho vai sendo feito, existe também um ganho de resiliência que ajuda o paciente a lidar melhor com as próximas situações do dia-a-dia e ter uma vida mais suave, leve, mais equilíbrio e clareza. 

É um trabalho delicado, gentil e suave..

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